O ex-presidente Jair Bolsonaro e a ex-primeira dama Michelle Bolsonaro entraram com uma ação no Juizado Especial Cível do Distrito Federal exigindo que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva se retrate após os móveis que supostamente estavam desaparecidos do Palácio da Alvorada terem sido encontrados na própria residência oficial. Além disso, o casal pede uma indenização de R$ 20 mil por danos morais.

Os 261 itens foram localizados pelo governo no ano passado, 10 meses após o suposto "sumiço" ter sido declarado. Lula e a primeira-dama Rosângela da Silva, conhecida como Janja, acusaram o desaparecimento dos objetos logo após a posse, em 2022, e também divulgaram o mau estado de conservação em que teriam recebido a residência presidencial.

Na ação protocolada recentemente, o casal Bolsonaro busca uma indenização como forma de "medida pedagógica", com o valor a ser revertido ao Instituto do Carinho, uma instituição beneficente que acolhe crianças em situações de vulnerabilidade social, localizada em Brasília.

Além da indenização, Jair e Michelle desejam que Lula se retrate "na mesma proporção do dano que realizou", incluindo uma coletiva de imprensa oficial no Palácio do Alvorada e uma retratação perante o canal de televisão GloboNews e nos canais oficiais de comunicação do governo federal.

O pedido específico de retratação pela GloboNews se deve ao fato de que a primeira-dama concedeu uma entrevista exclusiva ao veículo, em janeiro deste ano, mostrando o estado em que as instalações foram encontradas após a chegada do casal.

A ação argumenta que Lula tem demonstrado incomodar-se com Jair e Michelle Bolsonaro, esbravejando e disseminando inverdades sobre eles, como pode ser visto em inúmeros vídeos divulgados nos noticiários e redes sociais.

A informação sobre a localização dos itens desaparecidos foi inicialmente publicada pelo jornal Folha de S. Paulo e posteriormente confirmada pelo Estadão. Segundo a Secretaria de Comunicação Social (Secom) da Presidência, os objetos foram encontrados em diversas dependências do Palácio da Alvorada, porém, não foram especificados quais seriam essas áreas.

A ausência dos móveis serviu como justificativa para o governo adquirir novos itens para a residência do presidente. De acordo com um levantamento feito pelo Estadão em dezembro do ano passado, o governo federal gastou cerca de R$ 26,8 milhões em reformas, compra de novos móveis, materiais e utensílios domésticos para os palácios presidenciais de Brasília em 2023.

Em uma nota técnica emitida em fevereiro do ano passado para justificar a compra dos novos móveis, a Presidência mencionou que a falta de mobiliário colocava em risco a segurança de Lula e Janja, expondo-os ao morar em imóveis privados. A nota também incluiu imagens de uma entrevista da primeira-dama à GloboNews, na qual ela denunciou os desgastes no Palácio da Alvorada.

Agora, cabe à Justiça decidir sobre a retratação e a indenização solicitadas pelo casal Bolsonaro, bem como as demais medidas mencionadas na ação. O Palácio do Planalto ainda não se pronunciou sobre o assunto.